quinta-feira, 21 de outubro de 2010

As melhorias na educação não dependem exclusivamente de mais dinheiro

A reflexão “NÃO BASTAM RECURSOS FINANCEIROS PARA A MELHORIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL” cabe muito bem em muitas áreas. Aliás, colocar a culpa em tudo que não funciona na falta de recurso financeiro é um erro muito grande e uma forma de mascarar os verdadeiros problemas. Infelizmente em épocas de eleição é comum os candidatos colocarem o problema de tudo na falta de investimentos financeiros. Em um país com níveis muito baixos de educação, este tipo de fala vira “verdade” quando chega aos ouvidos da grande massa de pessoas – que infelizmente não possui qualquer condição de avaliar e analisar este tipo de afirmação.

Voltando para o assunto educação, os textos (texto 1 e texto 2) deixam muito claro que é necessário planejar antes de se saber o valor financeiro para realizar a melhoria do sistema como um todo. E que também não será um processo rápido (que infelizmente parece que vai ser resolvido num passe de mágica quando os candidatos fazem as promessas no período eleitoral).

Para criticar a educação no Brasil, é necessário entender a evolução que houve durante os anos, principalmente quando houve o processo de inclusão das pessoas nas escolas, ou seja, a escola deixou de ser para poucos para ser para todos. Com esse grande aumento de demanda, não houve o planejamento para articular os encaminhamentos que deveriam ocorrer antes e durante o processo de inclusão. Com isso o que sobrou foi administrar problemas, ou seja, o impacto de uma decisão sem um planejamento articulado causa problemas, que neste caso, estão sendo tratados até hoje.

Os textos propõem diversas áreas e ações que deveriam e que devem ser contemplados daqui pra frente, mas é óbvio que não existe uma receita única, uma fórmula mágica para resolver todos os problemas da educação no Brasil ou em qualquer outro lugar. É importante fundamentar-se no que já foram realizados em outros países, alguns com perfil semelhante ao do Brasil e outros que nem tanto, para atingir um plano que produza efeitos significativos.

Um dos pontos relevantes para a morosidade na melhoria da educação é a divergência de idéias, concepções e interesses das entidades, empresas, instituições e pessoas envolvidas no processo. Será muito difícil definir um plano para o avanço na educação brasileira que satisfaça todos os envolvidos neste processo. Isso se refere a linhas conceituais dos mestres e doutores, sindicatos (que por muitas vezes priorizam uma minoria para prejudicar algo muito maior – que é o processo educativo brasileiro), enfim, para que as melhorias ocorram todos terão que ceder alguma coisa.

O que um professor concursado, que possui estabilidade de emprego, garantia de aposentadoria integral, limites de faltas anuais, salário em dia... Vai pensar se tudo isso estiver arriscado? O que um professor diria se soubesse que poderia perder isso? Poucos abririam mão desse pacote de benefícios para um bem maior, algo com remuneração por desempenho por exemplo. Conversei com dois professores que estão neste perfil (são colegas meus, não sei se são bons ou maus profissionais), embora, os dois não se conheçam, quando falei de uma mudança dessas, a afirmação foi exatamente a mesma: Isso não é justo!

Eu pergunto: É justo o Brasil possuir escolas com qualidade tão baixa? É justo crianças irem para a escola e o professor não estar lá para lecionar? É justo um profissional que não teve o menor comprometimento com o seu trabalho receber uma aposentadoria integral enquanto a maioria da população não possui isso? É justo os estudantes brasileiros possuírem uma das piores notas em todas as avaliações internacionais? Para mim a resposta para todas essas perguntas é não.

Quando se quer agradar a todos, não se consegue agradar a ninguém. Não quero colocar o problema de tudo no professor, aliás, os textos deixam muito claro isso. Existem problemas de infra-instrutora, falta de material de apoio, recursos físicos, segurança... O que quero destacar é que independente do que for feito, não irá agradar a todos. Todos irão “perder” alguma coisa para um bem maior e de mais pessoas, este será um dos preços para a educação brasileira sair da situação caótica que se encontra atualmente.

Os textos apontam muitas ações que não são novidade no universo corporativo – onde a concorrência se encarrega de pressionar e punir quem não cumpre com o mínimo de qualidade – mas que quando falamos em educação, parecem novidades, coisas “impossíveis de se fazer”, como priorização de investimentos, incentivos aos professores, reorganização dos sistemas de ensino, implantação de metas e avaliação.

A escola precisa ser uma empresa interessante para as pessoas, os bons profissionais precisam ter interesse em seguir carreira em escolas, para isso o cenário tem que mudar muito. Ainda existe o mito que a carreira escolar é segunda linha, ou seja, as pessoas buscam o que há de melhor. O que sobra para a educação?

A minha esperança é que a educação realmente seja priorizada pelos candidatos à presidência do Brasil, que as pessoas envolvidas no processo decisório realmente estejam comprometidas com um bem maior, que estejam comprometidas em mudar a situação, em melhorar a educação neste gigante que é o Brasil.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O quem vem antes do marketing de relacionamento

As empresas de prestação de serviço estão cada vez mais investindo e inovando para diferenciar-se uma das outras. Afinal, prédios e equipamentos por muitas vezes podem ser similares ou apresentarem poucos diferenciais. Afinal, uma empresa de serviços depende, e muito, de pessoas.

As escolas são empresas de serviço, ou seja, dependem de pessoas para entregar o que vende aos seus clientes. Sendo assim a mudança ou a rotatividade de pessoas pode comprometer a qualidade do serviço prestado pela instituição.

É muito comum ver empresas de outros segmentos fazendo campanhas para captar talentos, no segmento educacional isso ainda não acontece, ou se acontece é um movimento muito fraco. Ainda falta às escolas assumirem que dependem das pessoas e buscarem os melhores e/ou fazer todo esforço para manter o que considera melhor. Fazendo uma analogia entre empresas que fabricam equipamentos, uma escola que possui ótimos profissionais, é o mesmo que uma indústria que possui as melhores máquinas.

Sendo as pessoas a chave do sucesso de uma escola, o primeiro ponto importante é ser interessante para os melhores profissionais, para isso a escola deve possuir um conjunto de atributos reconhecidos pelos profissionais da área educacional.

Levando em consideração que não é só pagar bem, a escola precisa profissionalizar-se para disponibilizar benefícios de forma sistemática, ações isoladas normalmente não apresentam resultados consistentes.

A remuneração por metas é uma boa prática para compor o sistema de atributos de uma escola. É uma maneira de motivar os funcionários e ao mesmo tempo entregar algo de valor em troca dos bons resultados. Embora a prática já esteja consagrada em outras áreas, as escolas ainda não incorporaram este tipo de prática.

Como disse anteriormente, a escola precisa sistematizar para isso nada melhor que a criação de um comitê onde os seus ativos (colaboradores, funcionários, empregados ou como queira chamar) tenham voz ativa nos encaminhamentos que a escola irá tomar no futuro. Isso é ser transparente e manter uma gestão participativa, também é uma prática estabelecida em outros segmentos, mas que nas escolas ainda deve ser superada.

Paralelamente a organização da “casa” ações de marketing devem ser realizadas, afinal, as contas continuam chegando e a pressão externa está cada vez maior. Um tipo de ação que precisa ser incorporado é a Promoção. Escolas precisam fazer promoção e não devem ter medo de comunicar isso aos seus clientes.

Agora temos duas palavras que as escolas precisam incorporar: promoção e cliente. Sim os estudantes, os responsáveis são clientes das escolas, assim como um banco ou uma padaria possui clientes, a escola precisa de clientes para manter-se, para crescer. A utilização desses termos é um marco, uma ruptura em ser escola e ser empresa. As escolas precisam ver-se como empresas. Parece óbvio, mas este é mais um ponto que precisa ser superado.

Não existe receita mágica ou fórmula secreta, o que se precisa é tirar a cabeça do buraco, olhar o que grandes empresas fazem e aprender com elas. A lição que fica é que se deve profissionalizar sem perder a essência de que é ser escola.
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